quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ciranda, cirandinha... vamos todos cirandar?

Contadores queridos,
Depois de uma longa longa LONGA demora (não é mesmo, Moisés?), deixo aqui para vocês duas das minhas estórias do nosso saudoso curso com a mestra Dôra. E que tal já começarmos a pensar em datas possíveis para o módulo II? Não sei quanto a vocês, mas eu já estou com muitas saudades das nossas cirandas ao vivo, quando a gente pode "garrá no cunvercê" até não mais poder. E a Reca deve ter voltado cheia de "causos" lá de Cordis que eu ainda não ouvi!!!
Beijos e abraços carinhosos... e senta que lá vem estória!
Escularápio
Um escularápio foi chamado para tratar de uma rica senhora que sofria de catarata. Sendo, porém, desonesto, o nosso querido amigo, sempre que ia visitar a rica velha, furtava-lhe um objeto precioso. Quando acabaram os objetos preciosos, ele começou, despudoradamente, a levar-lhe também os móveis, um a um.
Afinal, certo dia, não tendo mãos o que roubar, deixou de visitar a velha. Mas, não contente com isso, sapeccou-lhe em cima uma conta terrível, capaz de abalar mesmo a fortuna do mais rico catarático.
A velha protestou, dizendo que não pagava, e a coisa foi para o tribunal. E foi no tribunal que a velha declarou o motivo de sua recusa em pagar. Disse:
"Não posso pagar a conta do senhor escularápio, do doutor médico, porque eu estou com a vista pior do que quando ele começou a me tratar. No início do tratamento eu ainda via alguma coisa. Mas agora, não consigo enxergar nem os móveis lá da sala".
(Millôr Fernandes)
Nascimento do menino
Da mulher - que me chamaram: ela não estava conseguindo botar seu filho no mundo. E era noite de luar, essa mulher assistindo num pobre rancho. Nem rancho, só um papiri à-toa. Eu fui. Abri, destapei a porta - que era simples encostada, pois que tinha porta; só não alembro se era um couro de boi ou um tranço de buriti. Entrei no olho da casa, lua me esperou lá fora. Mulher tão precisada: pobre que não teria o com que para uma caixa-de-fósforo. E ali era um povoado só de papudos e pernósticos. A mulher me viu, da esteira em que estava se jazendo, no pouco chão, olhos dela alumiaram de pavores. Eu tirei da algibeira um cédula de dinheiro, e falei: - "Toma, filha de Cristo, senhora dona: compra um agasalho para esse que vai nascer defendido e são, e que deve de se chamar Riobaldo..." Digo ao senhor: e foi menino nascendo. Com as lágrimas nos olhos, aquela mulher rebeijou minha mão... Alto eu disse, no me despedir: - "Minha Senhora Dona: um menino nasceu - o mundo tornou a começar!..." e saí para as luas.
(João Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas)

3 comentários:

  1. Gente, desculpe, eu tentei editar esse texto pra dar mais espaços entre a carta e as estórias mas não consegui... Depois se alguém tiver alguma dica pra me ajudar, aceito! Bjus

    ResponderExcluir
  2. Viva, viva, Fernandinha... Até que enfim você desencantou, não? Você tem razão quanto aos causos que a Reginarreca deve ter para contar lá de Cordis... Mas acho que ela ficou "mão-de-vaca", pois até agora só prometeu, prometeu, prometeu... e? Nada!
    Mas hoje ela não foi nem ao IEB. Acho que ficou tentando decidir para quem torcer à noite. Galo ou Palestra?
    Legal 'cê ter postado suas estórias, espero que isso sirva de estopim pros outros.
    Obrigado.

    ResponderExcluir
  3. E serviu Moisés!!
    Nesse fim de semana vou postar meus textos aqui!!
    Fê, concordo em marcarmos os nossos encontros e o segundo módulo do curso. Assim que pensarem em uma data, me avisem. Se tiver alguma idéia, tambem aviso vocês!!
    Beijos!!!
    Ce!!

    ResponderExcluir