segunda-feira, 25 de maio de 2009
Vai, vai, vai começar a brincadeira
Caros, caras,
A criação deste blogue é meu presente de aniversário [meu aniversário é hoje] a todos quantos "curtem" ouvir e contar uma "estória". A partir de agora, o espaço está liberado para quem quer que se habilite a narrar uma estória. Qualquer uma que lhe tenha marcado a infância, que lhe traga uma bela lembrança de um tempo que já passou. Ou que ainda tenha significado para si no presente. Ou que acredite ter algo a comunicar para ajudar a construir um futuro mais livre. Mais cheio de imaginação. Mais cheio de alegria. Mais autêntico. Mais solto. Um mundo onde cada um possa ser o que é, sem medo de ser feliz. Sem medo de viver a alegria. Sem medo de partilhá-la.
É conhecido o ditado "quem conta um conto aumenta um ponto", mas a ideia aqui é deixar viajar a imaginação, com a liberdade que só as crianças exercitam, enquanto ainda não contaminadas por este mundo de enganos em que nos deixamos mergulhar. Ou atores, escritores, autores e pessoas que não deixaram morrer a criança interior e ainda conseguem brincar e criar com a alegria da criança. Então, para começar nossa brincadeira, vamos fazer um exercício? Vamos, como Clarice Lispector, pensar a respeito do que faríamos se fôssemos nós mesmos? Que mundo criaríamos para viver? Ele seria diferente deste aonde vivemos hoje? Como?
A "estória" que ela nos conta [e que se oferece para que contemos] se chama Se Eu Fosse Eu e está no livro A Descoberta do Mundo. Diz assim:
Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor também, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legitima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.
E viva o exercício da imaginação. Que tal a "estória"? Entrou por uma porta e saiu pela outra?
Quem quiser que conte outra.
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Pois é.....eu conto uma história de uma adolescência em que todos os "possíveis" eram verdade.Se eram de fato ou não, absolutamente não vem ao caso. O que sei é que a minha história,que foi escrita lá atrás, com tintas de amigos, de amores, de afetos,de apegos,foi uma história tão rica,tão linda,tão minha,que eu a tenho como atemporal. Como todas as boas histórias,é claro.Desta história,fez parte você,meu doce amigo, e duvido que alguém possa contá-la melhor. Com cores mais ricas. Com saudades maiores.É uma história de saudades,também.... Alguém conta outra? Duvido. A minha é única!
ResponderExcluirA propósito....Feliz Aniversário,ainda que um pouco atrasado.
ResponderExcluirDe toda a turma do Enjoca - ou se você e a Lucilia preferirem - da Enveca.
Eu particularmente, de ENVECAS estou fora!
Ah, ah, ah... muito obrigado por comentar... fique à vontade, por favor, para compartilhar as histórias/estórias.
ResponderExcluirRi muito de seu pulo fora do Envecas...
Vamos esperar a manifestação da Lucilia.
Agora explicando para quem não vai entender nada. Quem postou estes comentários é uma amiga muito querida, Janete, de Caxias do Sul, que "reencontrei", via Orkut, depois de "alguns/muitos" anos [nem cabe dizer aqui quantos, para nos preservarmos] sem contato. E a turma do Enjoca de que ela fala é uma turma que fazia parte de um grupo que participava ativamente do movimento de jovens na Igreja que frequentávamos, a dos padres capuchinhos. Enjoca é a sigla de Encontro de Jovens Caxienses, que ajudamos a organizar e a realizar, acho que durante 4 anos, na época. A Lucília é outra amiga de então reencontrada, com quem comentei que o encontro, se fosse acontecer hoje, deveria ter a sigla Enveca, isto é, Encontro de Velhos Caxienses...rsrsrsrs... Ela deu outras sugestões mas todas nos levam naquela direção risível. Em todo o caso, que se pode fazer de melhor do que rir de nós mesmos, compreendendo que tudo, inclusive o envelhecimento, é parte de nossa condição de humanos? Que podemos aceitá-lo com bom humor e alegria, compartilhando as histórias/estórias que vivemos e que ajudamos a construir nas vidas com as quais tivemos contato ao longo do tempo.
Ontem mesmo voltando para casa, ouvi uma música cuja letra dizia "não quero passar pela vida, e sim que a vida passe através de mim". Isto não é uma bela forma de se pensar a respeito da necessidade de que vivamos para compartilhar a vida, o estar vivo, o viver?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLegal a proposta do blog! Dei uma passadinha para conhecer, mas pretendo voltar logo logo, com mais vagar.
ResponderExcluirCoincidentemente, acabei de ler "A descoberta do mundo" na faculdade, então, se eu fosse eu... eu faria o seguinte: na próxima visita eu traria pelo menos uma estória para contar.
E é o que eu vou fazer!
Uau, que prazer Maristela. Bem-vinda! Não vemos a hora de ouvir/ler sua estória. Que seja tão bela quanto a do manuelzinho-da-coroa e tão linda quanto seu desenho dele.
ResponderExcluirVocê sabe - é claro que sei que você sabe - que passamos duas quartas-feiras lendo "O Diário de Diadorim" lá no IEB?
Lindo. Quem sabe você tira uma estória de lá para nos contar?
Obrigado por comentar.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, Moisés.
ResponderExcluirSoube sim e fiquei muito feliz com a leitura do Diário no IEB. Quer saber? Fiquei foi muito chic!!
Agora, olha só: separei um trecho de estória para enviar, mas não sei como fazê-lo. Pior é que não tem nenhum filho aqui por perto pra me socorrer...
E aí?
Da mesma forma que nunca é tarde para agradecer pelos parabéns, espero que não seja tarde para te desejar MUITAS FELICIDADES E PARABENS MOISÉS!!!!
ResponderExcluirBeijão...
Celina.